quinta-feira, 28 de julho de 2016

Formação de memoria e territorialidade - analise da produção de texto coletivo e condições didáticas


Olá,

Segue pauta formativa para discutir a importância de se trabalhar com texto coletivo 

1º momento pedimos que os professores façam a leitura do texto abaixo e depois o participem do debate (a seguir as questões)

TEXTO COLETIVO PRODUZIDO PELAS CRIANÇAS DO PROJETO
 Sobre sua infância, João nos contou que esse foi um período de muitas dificuldades: teve 23 irmãos, sendo que 11 morreram. Devido à grande carência financeira, só aos sete anos ele ganhou seu primeiro “brinquedo”: uma foice para trabalhar na roça.
     Sua casa era feita de sapé, com portas e janelas abertas, e o chão era de terra batida; ele dormia em esteiras e colchões de palha no chão; na cozinha havia apenas um fogão à lenha, onde sua mãe preparava as refeições, que aconteciam de segunda até quinta-feira, pois na sexta-feira não havia comida por falta de recursos; nesse dia, a alimentação da família resumia-se a uma banana com água doce.
 A maior alegria e diversão de João, quando criança, era vestir sua camisa feita de saco com um short e caminhar por 7 quilômetros, descalço, com sua família, para rezar o terço, assistir à missa e comer broa com café. Contou que gostava muito de picolé e que, quando fazia alguma arte, o castigo dado pelo pai era deixá-lo sem picolé.
     Quando podia brincar, usava sua imaginação, transformando vassoura em cavalo de pau e construindo bonecas de mamona e bolas de meia.
     A escola em que João estudava distanciava-se 7 quilômetros de sua casa, e esse caminho era feito a pé, em uma estrada de chão. Seu material escolar era o mínimo possível, apenas um caderno, um lápis, uma borracha, conseguidos com a ajuda de terceiros. 
Debate : Lendo esse texto
Qual é o clima dessa história? O modo como ela foi escrita faz com que o leitor imagine a vida de João? Quais são os recursos linguísticos que possibilitam isso?
Quais são as marcas de passagem do tempo?
Há marcas do universo infantil? Quais?
Há marcas do discurso infantil? Quais?
Na opinião de vocês, há expressões que podem ter sido cunhadas pela professora? Quais?
O que nesse texto tem “cara de criança?”

2º momento
Solicitar que os professores façam a leitura deste outro texto  
Vamos ler agora outro texto 
      Em 1959, nasceu o seu Jair no Bairro Alto da Tenda, em Apiaí. Ele morava numa casinha de madeira. Depois de um tempo, sua mãe morreu e o pai se casou com uma madrasta muito ruim e brava! Ela batia e brigava, era chata e colocou o seu Jair num orfanato que era o Lar Batista, em Apiaí. Este Lar tinha muitas crianças, as meninas dormiam na parte de cima e os piás dormiam na parte de baixo.
      Quem cuidava do Lar era um pastor, que era muito  bravo com todas as crianças: deixava de castigo e batia. Todos os dias, com chuva ou com sol, Seu Jair ia descalço e a pé para a escola. Ele levava o material dentro de um saco de arroz e perdia tudo pelo caminho. Quando chegava na escola, ele ficava com vergonha dos colegas. Quando Seu Jair ia embora para o Lar, encontrava o pastor bravo com as crianças que lá estavam e ele também tinha medo de apanhar!
 Com o tempo, Seu Jair foi crescendo, mesmo assim continuou com medo de ir para a escola, porque ele passava em frente à escola das freiras, que se chamava ALA, e também tinha medo dos policiais que trabalhavam perto de sua escola. O Seu Jair só se divertia quando brincava com o seu carrinho que ele mesmo tinha feito, subia nele e descia a rua do Lar Batista.
       Com o passar dos anos, ficou mais velho e saiu do Lar Batista. Aos 20 anos, passou a trabalhar na Camargo Corrêa, na construção da fábrica. Quando estava trabalhando, ele caiu de 17 metros de altura em um monte de pó de serra e só se machucou um pouco! Também nos contou que tinha caído  neve em Apiaí nessa época, e que a nossa cidade era diferente, só tinha casas feitas de madeira e muito mato na maior parte da região.
       Hoje em dia a cidade mudou muito e Seu Jair também. Ele se casou, tem três filhos e se tornou gari, trabalha alegre pelas ruas do Bairro Alto da Tenda onde mora.
Debate: Lendo esse texto
Na opinião de vocês, esse texto nos fez conhecer um pouco da vida de Seu Jair? Quais os elementos do texto possibilitam que o leitor se aproxime de Seu Jair?
Há marcas infantis na forma como esse texto foi escrito? Quais?
Podemos supor que é um texto de autoria infantil? Por quê?
3º momento 
Após a leitura dos dois textos, questionar os professores sobre a importância de realizar um trabalho efetivo com textos coletivo e as condições didáticas para realização dos mesmos.
 Por que trabalhar com o texto coletivo?
Quais as condições didáticas para a produção escrita?

Após a participação dos professores é importante encerrar a formação, sistematizando os conhecimento abaixo 
Condições didáticas:
-  definir o gênero do texto que irá ser produzido em função do contexto de produção;
- considerar o interlocutor e o que se pretende informar, o objetivo que queremos com a produção – função comunicativa – qual a finalidade do texto?
- definir um destinatário real.
- repertoriar os alunos para produzirem o texto. Para isso, leituras de diferentes textos devem ser realizadas. 
- considerar o interlocutor. Isto relaciona-se com a produção do texto atrelada ao real – contextualizar. Situações de uso real da escrita.

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